No artigo passado sobre o WeDoLogos e #porraglobonews
Nos comentários, Sidney escreveu:
A própria abcDesign publicou em seu encarte especial da Brasil Design Week 2009 que segundo o BNDES “as MPESn (Micro e Pequenas Empresas), representam 97% dos negócios brasileiros”, e mais segundo o Edson Fermann do Sebrae Nacional (nesse mesmo encarte) “Se o design entrar no DNA de 5% delas, ou seja, mais ou menos 280 mil, vai faltar escritório”. Então (voltou a pergunta) o que nós designers estamos fazendo para alcançar esse nicho?
De fato, uma empresa que vê a necessidade de ter algum tipo de identidade visual vai querer procurar o mais barato possível. As empresas nem sempre tem noção da importância de uma identidade visual – e convenhamos, nem sempre é importante. Sim, pasme, falei isto! Nem toda empresa precisa de uma identidade visual.
Qual empresa não precisa de uma identidade visual?
Para citar um caso apontado nos comentários pelo Ronan:
Assim com li na abcDesign (…), tem clientes no mercados que o designer não vai querer atender. Quais clientes são estes? A Do’Maria que abriu sua mercearia e precisa apenas de um logo para criar uma placa luminosa na fachada, e não pode gastar mais que 100 reais no pagamento. Como o profissional deve se portar em uma situação como esta? Aceitar ou não aceitar o trabalho tendo em vista o pagamento simbólico e a necessidade (mínima) da Do’Maria?
Como foi dito, existem maneiras diversas de tratar o caso da Dona Maria quando ela entrar em contato e pedir um logo, avisando que possui um orçamento de R$ 100:
1) Fazer algo simples, que não atenda perfeitamente a todas as necessidades dela;
2) Fazer algo estonteante, como se ela estivesse pagando os R$ 500;
3) Rejeitar o trabalho, fazendo com que ela tenha que se virar com um micreiro;
4) Fazer micreiragem – ou seja, um trabalho “nas coxas”, porco e sem gastar quase nada do seu tempo.
Existem mil maneiras de contornar um job destes. Afinal de contas, o design precisa ser também uma profissão com consciência social. Precisamos ajudar a melhorar o mercado, mesmo que isto signifique sacrificar algumas horas em um logo que não vai te cobrir os custos mais básicos.
Se a mercearia da Dona Maria ter uma placa luminosa com um logo bacana, quando outra empresa for se instalar na região (e já tem planos de crescimento) eles vão pensar duas vezes antes de colocar uma placa amadora à disposição; afinal de contas, ninguém quer ficar com uma aparência amadora num bairro que conhece um trabalho bom, não é?
Você quer que eu trabalhe de graça?
Se você entendeu isto, você não entendeu direito. A mercearia da Dona Maria é uma exceção. Estou falando de uma microempresa que não vai depender em ter um visual legal para sobreviver. É uma empresa que só vai atuar no seu bairro, vai sempre ser pequena e não tem o objetivo de crescer mais do que isto.
Minhas sugestões são unicamente para empresas que, de fato, não tem os R$ 500 a R$ 2.000 para investir numa identidade visual – não as empresas que NÃO QUEREM pagar mais de R$ 500.
Não digo para você focar apenas em empresas que só podem pagar um valor abaixo do seu custo; faça estas concessões a empresas que realmente precisem delas.
Pare de reclamar e faça algo!
Queremos mudar o mercado e mostrar a importância do design, sempre citando empresas como Apple, Coca-Cola, Lucky Strike, etc e esquecendo das empresas que realmente movem o país: as pequenas e micro empresas. Como podemos esperar que o design evolua a algo importante se a gente não demonstrar isso dando o braço a torcer em alguns casos?
Em vez de ficar reclamando que estamos perdendo lugar aos micreiros, saiba escolher melhor as suas batalhas: o logo da mercearia pode te render trabalhos melhores no futuro, ou até mesmo algum prêmio social (e consequentemente, exposição no mercado).
O que você pretende fazer para melhorar o mercado do design no Brasil? O que você sugere que todos devemos fazer? Comente!
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